Dieta pode afetar
crescimento do câncer, apontam pesquisadores britânicos.
Dieta
com baixo teor de asparagina, nutriente presente no aspargo e em alimentos como
carnes e ovos poderia ajudar a retardar efeitos do câncer
Evidências crescentes mostram que a comida que
entra no seu prato pode alterar a forma como um possível câncer cresceria e se
espalharia pelo corpo, afirmam pesquisadores da Universidade de Cambridge, no
Reino Unido.
Uma pesquisa com animais, publicada na revista
científica Nature, indica que tumores identificados nas mamas sofreram com a
falta do nutriente asparagina - encontrado no aspargo e em alimentos ricos em
proteína, como carnes, ovos e frutos do mar.
O estudo aponta para melhores resultados no
tratamento da doença no futuro, aproveitando os chamados "vícios
culinários" do câncer. Mas os resultados ainda precisam ser confirmados em
humanos.
"Não recomendamos aos pacientes excluírem
totalmente qualquer grupo de alimentos de suas dietas sem falar com seus
médicos", disse Baroness Delyth Morgan, presidente executiva da Breast
Cancer Now, instituição que financia pesquisas relacionadas ao câncer de mama
no Reino Unido, reforçando que as pessoas não devem adotar dietas radicais na
esteira do estudo.
"Encorajamos todos os pacientes a seguirem uma
dieta saudável e variada", acrescentou ela.
Retardamento
Conduzida no Centro de Pesquisas em Câncer da
Universidade de Cambridge, a pesquisa que reforça o poder da alimentação no
desenvolvimento de tumores foi realizada com ratos portadores de um tipo
agressivo de câncer de mama - o câncer mais comum entre as mulheres no mundo e
no Brasil, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 28% dos
casos novos a cada ano.
Os animais morreriam em algumas semanas, conforme o
tumor se espalhasse pelo corpo. Mas quando foram submetidos a uma dieta com
baixo teor de asparagina ou a drogas para bloquear esse nutriente, o tumor teve
dificuldade para se espalhar.
"Foi uma grande mudança, (os cânceres) foram
muito difíceis de encontrar", disse o pesquisador Greg Hannon.
Pacientes
com câncer de mama poderiam se beneficiar com conclusões da pesquisa, mas novos
estudos ainda serão necessários
No ano passado, a Universidade de Glasgow, na
Escócia, mostrou que cortar os aminoácidos serina e glicina retardou o
desenvolvimento de linfoma e câncer intestinal.
"Estamos vendo evidências crescentes de que
cânceres específicos são dependentes de componentes específicos de nossa
dieta", disse Hannon à BBC.
"No futuro, modificando a dieta de um paciente
ou usando drogas que mudam a maneira como as células cancerígenas podem acessar
esses nutrientes, esperamos melhorar os resultados na terapia."
Implicações futuras
Um câncer em estágio inicial raramente mata. É
quando ele se espalha pelo corpo - um processo conhecido como metástase - que
pode se tornar fatal.
E uma célula cancerígena precisa passar por grandes
mudanças para se espalhar. Isso inclui aprender a "romper" o tumor
principal, a sobreviver na corrente sanguínea e a se desenvolver em outros
partes do corpo. É para esse processo que os cientistas estimam que a
asparagina seja necessária.
Mas os amantes de aspargos não devem temer essa
conclusão. As descobertas da pesquisa que vieram a público agora ainda precisam
ser confirmadas em pessoas e, de qualquer maneira, é difícil evitar a
asparagina na dieta.
A longo prazo, os cientistas estimam que os
pacientes receberiam bebidas especiais que são nutricionalmente equilibradas,
mas que não possuem asparagina.
O professor Charles Swanton, diretor médico do
Centro de Pesquisas de Câncer do Reino Unido, observa que "curiosamente, a
droga L-asparaginase é usada para tratar leucemia linfoblástica aguda, que é
dependente da asparagina".
"É possível que, no futuro, essa droga possa
ser reutilizada para ajudar a tratar pacientes com câncer de mama",
acrescenta.
Ainda são necessários, porém, novos testes antes de
um possível tratamento como esse ser colocado em prática.
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Getty Images.
Portal
MSN.
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