"Só canto o que sinto e gosto de fazer", afirma
Anitta.
Em tempos de debates cada vez mais abertos sobre empoderamento
feminino, promovidos entre outros pelo movimento #MeToo, a cantora Annita
defendeu que canta o que lhe dá prazer.
"Eu só canto o que sinto e gosto de fazer. Se me sinto
romântica, expresso, se me sinto sexy, também. A minha meta com a música é
fazer com que nos respeitem como quisermos ser. Sensuais ou não, beijando um ou
beijando seis", declarou a artista em entrevista à Agência Efe.
Para ela, que na música "Downtown", com J.Balvin,
insinua o prazer no sexo oral feminino, a forma como artistas mulheres estão
respondendo ao machismo nas letras é demonstrando que elas também podem e não
permitindo se vitimizar.
O parceiro dela no hit, que tem quase 170 milhões de
visualizações no Youtube, defendeu que o público feminino é o responsável pela
mudança nas letras.
"As únicas responsáveis pela mudança são as elas próprias.
Não podemos deixar para os homens o empoderamento das mulheres. Depende delas
demonstrem de que são feitas", disse o colombiano.
O debate sobre letras hiper machistas na música não é novo. Nos
Estados Unidos, esse tipo de conteúdo fez com que o Congresso legislasse sobre
a necessidade de acrescentar etiquetas com alertas sobre o conteúdo das canções
aos CDs para que mães e pais ficassem atentos.
Os artistas do reggaeton reduziram a temática extremamente
sexual e agressiva das músicas para se tornarem mais atraentes a todo tipo de
público e a estratégia funcionou.
Hoje, é um dos gêneros mais bem-sucedidos e com fãs pelo mundo.
Mas nem todos pensam assim. O cantor venezuelano Miguel Ignacio
Mendoza, mais conhecido como Nacho, argumentou que não são necessariamente só
os homens que escutam as canções mais explícitas.
"Se você for ver vídeos no Instagram e no Snapchat, as que
mais cantam e fazem covers e coreografias dessas letras mais explícitas são as
mulheres, em particular as mais jovens.
Se querem que deixem de ser feitas canções mais agressivas com
as mulheres, talvez as mães dessas meninas devessem ter conversas com elas e
reforçar lições sobre valores", destacou.
A opinião é a mesma que a de Bad Bunny, um dos principais
expoentes do gênero. Recentemente, em entrevista a um programa de rádio em
Miami, nos Estados Unidos, ele repetiu o que cantores como Nicky Jam e Daddy
Yankee disseram no passado sobre o assunto.
"Eu não estou aqui para educar as crianças. Isso é
responsabilidade dos pais", ressaltou.
Anitta em
foto de 2017. EFE/Antonio Lacerda
Alicia
Civita.
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