quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Com quase 150 anos de idade, o pequeno compartimento não está ali por acaso.
1873 foi um ano irrelevante para a história (a não ser que você ache realmente incrível o fato de que tanto as cidades de Budapeste, na Hungria, quanto Itambacuri, em Minas Gerais, foram criadas nessa data).
É provável que o evento mais importante daquele período tenha rolado na Califórnia. Ali, em pleno Velho Oeste, o alemão Levi Strauss inventava uma veste um pouco mais resistente que as outras.
Surgia, pelas mãos do imigrante, a calça jeans. Pode até parecer sem importância, mas é só por isso que você tem aquele maldito bolsinho sobre sua perna direita. Que, SPOILER, não serve pra mais nada – mas já serviu.
A Califórnia do final do século 19 era um dos principais palcos da corrida do ouro. Pessoas do mundo todo iam até a região na esperança de encontrar uma pepita para chamar de sua.
A área era, basicamente, dominada por cowboys, e foi por isso que a invenção de Strauss deu tão certo. Até então, a maioria das vestes era feita com um algodão leve, material que hoje pode render umas roupas bonitas pra você passear no shopping, mas não aguentava o tranco de cavalgar por horas a fio em regiões não exatamente confortáveis.
E aí, quando finalmente encontravam uma pedra que poderia parecer ouro, a calça do felizardo corria altas chances de ceder ao peso e arestas pontudas do material. Na prática, elas quase sempre rasgavam. O jeans conseguia evitar esses imprevistos.
É justamente para colocar ouro e outros objetos pesados que foram criados os bolsos grandes que você provavelmente usa hoje para guardar seu celular.
Os bolsos pequenininhos, no entanto, tinham uma função muito mais pontual. Como os cowboys da época passavam muito tempo em cima do cavalo, eles precisavam de mais do que o Sol para saber o horário. Quase todos possuíam um pequeno relógio para conseguirem ter noção do total de horas que passavam buscando ouro.
Só que, com as cavalgadas, os bolsões não davam conta do recado. Os pulos do cavalo faziam com que os relógios caíssem no chão, quebrassem, ou se perdessem.
Como o relógio de pulso só se popularizaria cerca de 20 anos depois,  a ideia do compartimento menor, apertadinho para que nada escapasse sem querer, era justamente ser o bolso do, bem, relógio de bolso.
Mas e hoje? A Levi’s, que continua sendo a principal fabricante de calças jeans do planeta, jura que o objeto serve pra mais do que simplesmente enfeite.
“O bolso vem servindo para várias funções evidentes em seus vários títulos: bolso de camisinha, bolso de moedas, bolso de fósforo, bolso para bilhetes, por exemplo”, diz um texto no site da marca — que logo se rende e admite o fator estético:
“O bolso também é muito querido pelos amantes do jeans, pela natureza desbotada e desgastada que assume ao longo do tempo”.
Bonito ou útil, o bolso está lá para você encher como quiser: com relógios, camisinhas, ou, torcemos, com ouro.
(kieferpix/iStock).

Revista Super ABRIL. Online.
https://super.abril.com.br/comportamento/pra-que-serve-esse-bolsinho-do-jeans/

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