Cérebro de psicopatas é
programado para agir por impulso.
Um novo estudo busca mudar a forma como os psicopatas
são vistos pela sociedade. Normalmente retratados como sedutores,
manipuladores, inteligentes, mas sem empatia – capacidade de uma pessoa se
identificar mental e afetivamente com o estado de ânimo de outra -, esses
indivíduos são famosos na ficção.
Frank Underwood, de ‘House of Cards’, Ramsay
Bolton, da série ‘Game of Thrones’, Alex Delarge, personagem do filme
‘Laranja Mecânica’ e Hannibal Lecter, personagem do filme Silêncio dos
Inocentes, são alguns dos exemplos mais conhecidos.
Agora, uma pesquisa realizada por cientistas de Harvard,
nos Estados Unidos, mostra que psicopatas são apenas “pessoas que tomam decisões
ruins” devido a alterações cerebrais.
O novo estudo, publicado recentemente no
periódico científico Neuron, mostrou que uma conexão disfuncional
no cérebro, que interfere no apelo da recompensa de curto prazo, pode ser a razão
neurológica pela qual os psicopatas agem impulsivamente e não sentem
arrependimento após esses atos.
Como funciona o cérebro dos psicopatas
Para chegar a essa conclusão os pesquisadores se
basearam em exames cerebrais de 49 prisioneiros de uma instituição
carcerária dos Estados Unidos.
No experimento, os presos com traços de
psicopatia participavam de um teste de “atraso de gratificação”, em que
precisavam escolher entre duas opções – uma quantidade menor de dinheiro
imediatamente ou uma quantia maior em um momento posterior -, enquanto tinham
seus cérebros analisados por tomografias por emissão de pósitrons.
Os resultados mostraram que essas pessoas tendiam a
escolher a gratificação imediata, ou seja, agiam por impulso.
Além disso, as imagens cerebrais mostraram
maior atividade no estriado ventral, relacionada com a recompensa
imediata, do que no córtex pré-frontal médio, associada à consideração
sobre consequências futuras.
“Isso sugere que a maneira como eles calculam as
recompensas é desregulada. Eles supervalorizam a recompensa imediata”, explica
Buckholtz. E, portanto, tendem a cometer atos imorais ou criminosos.
Conexão fraca
Outra descoberta importante foi a fragilidade
dos “fios” que conectam essas duas seções cerebrais – o córtex
pré-frontal médio e o estriado ventral – nesses indivíduos.
De acordo com os autores, essa relação é
importante, pois há evidência de que o córtex pré-frontal médio pode alterar a
força com que o estriado responde às recompensas.
Assim, quanto mais fraca for a resposta do córtex,
mais forte será a resposta do estriado, e, portanto, das recompensas imediatas.
© Divulgação Frank Underwood (Kevin Spacey).
Nenhum comentário:
Postar um comentário