Pão deve encarecer até 20%
com dólar caro; veja o que mais deve subir.
Metade
do trigo usado no Brasil é importado e com alta do dólar, compras ficaram mais
caras e preço do pão vai aumentar.
Mesmo que você não tenha viagem internacional
marcada nem tenha a intenção de comprar produtos importados, a alta do dólar
também vai atingir o seu bolso.
Isso ocorre porque boa parte dos produtos que os
brasileiros consomem utilizam itens importados. Com a escalada da moeda
americana, o repasse nos preços fica inevitável.
No ano, o dólar apresentava valorização
perto de 12,8%, com a cotação batendo 3,78 reais. Com a intervenção mais forte do Banco Central (BC) nesta segunda-feira, a moeda
abriu o pregão em queda, mesmo assim cotada a 3,70 reais.
De acordo com a professora de economia da Faculdade
Presbiteriana Mackenzie Rio, Michelle Nunes, o sobe e desce do mercado de
câmbio afeta diretamente a economia no país e, consequentemente, a vida dos
brasileiros.
“Os produtos importados ficam mais caros quando o
dólar sobe e, mesmo que ele seja fabricado aqui, pode ter matéria-prima ou
peças importadas”, explica.
Pães e massas
Alimentos à base de trigo, como pão e massas, são
alguns dos que sofrem o impacto direto da alta da moeda porque o país depende
de importados para garantir o consumo interno.
De acordo com a Associação Brasileira das
Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados
(Abimapi), o Brasil consome cerca de 10 milhões de toneladas de trigo por ano,
mas produz apenas metade disso.
O restante é importado, especialmente da Argentina.
Porém, neste ano houve quebra da safra do país vizinho e o produto está sendo
comprado nos Estados Unidos e América do Norte, o que eleva ainda mais o custo,
já que importações dentro do Mercosul têm isenção tributária.
“Não bastasse essa situação que já é complicada
para o preço, agora temos o agravante da alta do dólar”, afirma
o presidente-executivo da Abimapi, Cláudio Zanão.
A estimativa, segundo ele, é que o pão e o macarrão
fiquem cerca de 20% mais caro,
enquanto que os biscoitos devem ter alta de 12% até o fim de junho. “Nos
últimos 3 meses o trigo subiu quase 50%.
Agora com o dólar valorizado o produto vai
ficar ainda mais caro e a tendência é que o repasse para o consumidor, que já
começou a ocorrer, se intensifique”, avalia Zanão.
Para o economista da Associação Paulista de
Supermercados (Apas), Thiago Berka, a alta do dólar tem impacto direto no
setor.
“Produtos de limpeza e higiene pessoal, que
dependem de artigos químicos importados em sua composição, podem ter reflexo”,
diz.
No entanto, explica ele, a área de beleza e higiene
pessoal, por exemplo, apresentaram deflação no último mês e, por isso, o efeito
não deve ser tão grande para o consumidor. “Deve ter impacto, mas como há uma
margem, deve ser menor”, considera.
“Mas no setor de alimentos a influência é maior,
principalmente para pães e massas, porque nossa produção de trigo é baixa”,
complementa o economista.
Remédios
Altamiro Carvalho, assessor
econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do
Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), lembra que o setor farmacêutico também
deve ser afetado pela valorização da moeda.
“Há uma grande importação de princípios ativos para
a fabricação de medicamentos, isso sem falar que a indústria tem que pagar
royalties para suas matrizes. Este setor tem duplo impacto cambial”, comenta.
O representante do comércio destaca também que o
valor do combustível também deve sofrer influência dos aumentos do dólar.
“Neste caso, o impacto é no frete e, consequentemente, em todos os produtos que
consumimos”, avalia Carvalho.
Nesta segunda-feira, caminhoneiros autônomos
paralisaram as atividades em todo o país em protesto contra o aumento do
diesel. Nos últimos 12 meses, o diesel subiu 15,9% nos postos.
O aumento é resultado da nova política de preços da
Petrobras, que repassa para os combustíveis a variação da cotação do petróleo
no mercado internacional.
Viagens
Diante do cenário de alta da moeda, muitos
brasileiros estão refazendo as contas para reduzir os gastos com as viagens
internacionais. De acordo com Gervásio Tanabe, diretor-executivo da Associação
Brasileira de Agências de Viagens (ABAV Nacional), reduzir o número de
dias, pegar um hotel mais simples e diminuir o consumo têm sido a estratégia
usada para quem vai manter o passeio.
“Há também aqueles que preferem mudar o destino e,
neste sentido, o mercado brasileiro começa a ficar mais atrativo”, comenta.
©
Divulgação.
Portal
MSN.
Nenhum comentário:
Postar um comentário