Esta é a melhor maneira de
reagir a um feedback destrutivo.
“Você nunca
faz nada certo”. “Não tem talento para liderança”. “O problema é esse seu
jeito”. Feedbacks agressivos, radicais e genéricos são relativamente
comuns no mundo do trabalho, e podem trazer grandes prejuízos para a carreira
de quem os recebe.
Eles podem gerar o chamado “efeito halo”, que funciona como uma generalização errônea do
comentário. “Você pensa que, se é ruim nisto, é porque é ruim em tudo”, explica
João Marcelo Furlan, CEO da consultoria Enora Leaders.
Resultado:
Além de perder motivação
para o trabalho atual, você pode levar aquele mal-estar para o resto da sua
vida profissional. É por essa razão que um bom feedback deixa claro que não
está em discussão a essência daquela pessoa, mas sim um comportamento
pontual que ela teve.
Quando acredita que o problema está na sua forma de
ser, o profissional corre o risco de incorporar a crítica que se fez dele — e
passar realmente a exibir aquela falha.
Se ouviu que nunca seria capaz de ser líder, por
exemplo, ele pode ter um péssimo desempenho em cargos gerenciais quando, na
verdade, seria perfeitamente capaz de ocupá-los.
Se foi convencido de que não tem jeito para
matemática, pode se fechar definitivamente para o assunto e desperdiçar
oportunidades de melhorar sua relação com os números.
Isso para não falar no estresse e no abatimento
físico e mental, que no limite podem levar à estafa.
O remédio para o “veneno”
Já que é impossível evitar que críticas venenosas
surjam em algum momento da sua vida profissional, o que fazer para neutralizar
os seus efeitos?
Segundo Fernando Mantovani, diretor geral da
consultoria Robert Half Brasil, o primeiro passo é saber identificar um
feedback feito de forma incorreta.
“Trata-se daquele comentário que extrapola o âmbito
racional, porque não foi devidamente planejado”, explica ele.
Qualquer crítica que tenha um tom autoritário ou
professoral, ao estilo “vou ensinar para você”, também deve ser ouvida com
cautela — ainda mais se for feita em público e tiver palavras fortes como
“péssimo”, “horrível” ou “ridículo”.
“Quem sabe dar feedback mostra que aquela é a sua
impressão individual e deixa claro que seu objetivo é contribuir para o
crescimento daquela pessoa”, explica Mantovani.
Perceber que aquele comentário não foi feito com
destreza e profissionalismo ajuda a neutralizar seus efeitos porque você
entende que ele não é tão legítimo assim.
Não que você deva ignorá-lo totalmente, muito pelo
contrário.
Segundo o diretor da Robert Half, feedback merece
meditação, e não contestação.
Mesmo que feita de forma ineficiente, a crítica
sempre merece ser ouvida: talvez ela tenha algo de verdadeiro, afinal. E a
melhor forma de reagir a isso é fazer algo no sentido de sanar aquele problema.
Do limão, uma limonada
Tirar efeitos positivos de um feedback agressivo é
uma das melhores formas de reagir a ele, afirma Furlan, porque assim se evita o
caminho da vitimização. “Procure aprender algo com o comentário, extrair algum
tipo de lição dessa experiência”, orienta o CEO da Enora Leaders.
Nesse processo, é preciso entender que a violência
da crítica foi decorrente de um momento de fraqueza do seu chefe — um erro que
ele cometeu porque ainda não conseguiu se desenvolver como gestor de pessoas.
Esse tipo de compreensão faz parte do processo de
ressignificação da experiência vivida, fundamental para curar as cicatrizes
deixadas por um feedback inadequado.
Imagine, por exemplo, que seu chefe disse algo
como: “Você não sabe falar em público”. A sua primeira reação pode ser
acreditar que todas as pessoas que assistem às suas apresentações têm a mesma
opinião, e que você realmente não tem o dom da oratória.
Uma forma de resinificar o comentário do seu gestor
é entender que essa é apenas a opinião dele — que ele não aprecia o seu estilo
de apresentação, mas que isso não é necessariamente uma verdade para os demais
e nem para você.
Essa pequena alteração na forma de enxergar a
crítica pode ajudar a vê-la sob um prisma mais objetivo: você pode repensar a
sua forma de falar em público e buscar se desenvolver mais nesse ponto, mas não
porque você realmente seja um “desastre” nessa atividade.
“De forma amigável, vale perguntar ao autor do
feedback quais são as justificativas para aquela crítica e quais seriam
exemplos de estilos melhores de apresentação”, orienta Furlan.
“Também busque a opinião de outras pessoas, para
saber se a impressão se confirma”.
E se os feedbacks agressivos do seu chefe forem
frequentes e começarem a ganhar contornos de assédio moral? Nesse caso, é
fundamental acionar o departamento de RH.
Se o problema não tiver essa dimensão, é uma boa
ideia chamar o seu chefe para uma conversa para evitar que situações como essa
se repitam.
“Em
certos casos, vale dar um feedback sobre o feedback”, afirma Mantovani.
© Thinkstock Chefe irritado
Portal
MSN.
Nenhum comentário:
Postar um comentário