Tratamento novo pode
reduzir crises de enxaqueca pela metade.
Os
participantes que receberam o tratamento tiveram, em média, três dias a menos
de crise de enxaqueca a cada mês, quando comparados à tendência habitual dos
episódios.
Uma nova terapia contra crises de enxaqueca,
a primeira aprovada em 20 anos, é a nova promessa no tratamento da condição,
segundo os especialistas.
De acordo com novos estudos, publicados no
periódico científico New England Journal of Medicine, a droga,
chamada Erenumab, é na verdade
um dos anticorpos monoclonais, feitos em laboratório, que agem
atacando a proteína do cérebro responsável pelos sintomas (CGRP), como as
náuseas e as dores de cabeça intensas.
Em um dos testes com o medicamento produzido pela
farmacêutica suíça Novartis, cerca de 50% dos voluntários tiveram a
quantidade de crises de enxaqueca reduzida pela metade – contra 26%
que receberam um placebo, o que explica o fluxo natural da condição.
Enquanto isso, o Fremanezumab,
outro anticorpo fabricado pela americana Teva, teve o mesmo resultado em 41%
dos pacientes analisados, contra 18% sem o mesmo tratamento.
O tratamento
Os voluntários receberam injeções dos
medicamentos, anticorpos designados para bloquear um composto químico
cerebral, o peptídeo relacionado ao gene de calcitonina (CGRP, na sigla em
inglês), que funciona como uma defesa aos estímulos externos, causando uma leve
inflamação, mas quando liberado em quantidades elevadas leva à enxaqueca.
O estudo envolvendo o Erenumab foi realizado em 955
pacientes, que receberam uma injeção mensal do medicamento, na coxa ou
na barriga, ou uma versão placebo durante 24 semanas. Já o Fremanezumab foi
testado em 1.130 pacientes.
Os participantes que receberam o tratamento
tiveram, em média, três dias a menos de crise de enxaqueca a cada mês,
quando comparados à tendência habitual dos episódios.
Além disso, aqueles que receberam as injeções com o
anticorpo também mostraram uma melhora na aptidão física durante o
período de tratamento.
Alívio da enxaqueca
“Muitas vezes, a enxaqueca é trivializada como
apenas uma dor de cabeça quando, na realidade, pode ser uma condição crônica,
debilitante”, disse Simon Evans, diretor executivo da ONG britânica Migraine
Action.
“Os efeitos podem durar horas e até dias, em muitos
casos. Uma opção que pode prevenir a enxaqueca e que é bem aceita [pelo
corpo científico] é, portanto, extremamente necessária e esperamos que isso
marque o início de mudanças reais em como a condição é tratada e
percebida”.
A condição
Os sintomas mais comuns da condição são dor
de cabeça intensa, geralmente acompanhada de náuseas, vômitos e sensibilidade
à luz ou som.
De acordo com os especialistas, ela afeta uma
em cada cinco mulheres e um em cada 15 homens. Metade dos pacientes tem algum
familiar próximo que também sofre com a enxaqueca, o que sugere que seu
desenvolvimento pode ter algum fator genético.
Ainda não existem medicamentos disponíveis que
previnam ou curem a enxaqueca. No entanto, analgésicos mais fortes, como os triptanos,
podem ser indicados para aliviar a dilatação dos vasos cerebrais, produzida
pelo CGRP.
O propranolol e outros betabloqueadores,
medicamentos para tratamento da hipertensão, também podem ser indicados como
medida preventiva, mas possuem efeitos colaterais e não são efetivos em todos
os casos.
“O estudo mostra claramente que o bloqueio deste
caminho neuronal [CGRP] pode reduzir o impacto da enxaqueca”, disse Peter
Goadsby, professor de neurologia do King’s College London, líder de um dos
ensaios clínicos.
“Antes os pacientes recebiam tratamentos que na
verdade são para outras doenças, mas agora podem ter uma terapia
especificamente desenvolvida para a enxaqueca. Isso representa um passo
incrivelmente importante para a compressão e tratamento da doença.”
Próximas etapas
Outras testes com os anticorpos precisam ser feitos
para avaliar os efeitos a longo prazo do tratamento. Atualmente, quatro empresas
farmacêuticas estão desenvolvendo anticorpos que neutralizam o CGRP, seja
na atuação direta do anticorpo com a proteína ou com o bloqueio da célula com a
qual ela interage.
©
Getty Images.
Portal
MSN.
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