Medo da solidão é o que mais aflige os idosos, revela pesquisa.
Uma nova pesquisa revelou que o medo da solidão é a maior
preocupação dos idosos no Brasil, seguido da incapacidades desenvolvimento de
doenças graves.
Um estudo realizado pela Universidade Harvard, nos Estados
Unidos, publicado no ano passado, mostrou que os laços sociais construídos ao
longo da vida são o que mais importa na vida de uma pessoa na terceira idade.
O que mais te aflige na terceira idade? Doenças, incapacidade?
Não. De acordo com uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG), em parceria com a Bayer, o maior medo do idoso
brasileiro é a solidão, aí sim, seguido pela preocupação com a incapacidade de enxergar
ou se locomover e o desenvolvimento de doenças graves, em terceiro lugar.
A transição demográfica, marcada pela redução das taxas de
mortalidade e de natalidade, já é uma realidade que mudado o perfil da
população brasileira.
Em 2015, a população com mais de 60 anos no Brasil, era de
11,9%. Estima-se que em 2050, esse número triplique para 30,5%, ultrapassando
até mesmo o Canadá, que terá a marca de 30,1%, de acordo com o gerontólogo
Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional da Longevidade Brasil.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a expectativa média de vida do brasileiro é de 77 anos, contra apenas
45,5 anos em 1940.
Esse envelhecimento geral da população demanda uma mudança de
paradigma na sociedade, já que o assunto é rodeado de preconceitos e rótulos.
“Infelizmente, não ensinaram o Brasil a envelhecer”, afirma
Maisa Kairalla, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
(SBGG) de São Paulo.
Surpreendentemente, apesar da maioria dos brasileiros que estão
na terceira idade ou perto dela refletirem a respeito de seu próprio
envelhecimento, a questão assusta apenas uma pequena parcela dessa população
(14%).
Ainda de acordo com o levantamento, realizado com 2 000 pessoas
acima dos 55 anos, de dez capitais localizadas nas cinco regiões do país, a
maioria dos entrevistados (54%) não se sente velho.
Vínculos sociais são essenciais
A socialização é um fator essencial para isso. Um estudo
realizado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, publicado no ano
passado, mostrou que os laços sociais construídos ao longo da vida são o que
mais importa na vida de uma pessoa na terceira idade, mais do que carreira,
dinheiro ou educação.
Felizmente, 64% dos participantes da pesquisa afirmaram frequentar
eventos sociais semanalmente.
“O idoso precisa ser autônomo, independente e praticar atividade
que tragam propósito ao seu dia a dia”, diz Maísa.
Outros fatores importantes para aproveitar a terceira idade, de
acordo com Kalache, são saúde, conhecimento, capital social e capital
financeiro.
Ou seja, ter hábitos saudáveis, laços sociais, planejamento
financeiro e estudo. Na pesquisa, 37% dos entrevistados afirmaram que vão ao
médico uma vez por ano e 51% das pessoas disseram procurar atendimento mais de
uma vez neste período, na tentativa de envelhecer da melhor maneira.
A alimentação saudável e prática de exercícios também é uma
preocupação. Entre os entrevistados, 38% revelaram fazer atividade física de
uma a duas vezes por semana.
A alimentação saudável é uma realidade na vida de 68% dos
entrevistados. A saúde mental e as relações sociais também não são deixadas de
lado: 76% praticam alguma atividade que desafie o cérebro, como a leitura.
Embora as doenças crônicas não sejam o fator que mais tira o sono
dos idosos no Brasil, elas são uma realidade com a qual a maioria deles tem que
lidar e parecem fazer isso muito bem.
Apesar de 62% deles conviverem com alguma doença e 65% fazerem
uso rotineiro de medicamentos, a maioria (64%) se considera saudável.
Por Giulia Vidale. (iStock/Getty Images)
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