8 Dicas de linguagem corporal para aumentar a sua persuasão.
Quer convencer qualquer pessoa sobre as suas ideias? Cuidar da
sua linguagem corporal pode ser o segredo para alcançar esse objetivo.
1. Gestos de quem convence
Ser um bom vendedor não é uma competência valiosa apenas para
quem trabalha na área comercial.
Conseguir que os demais “comprem” as suas ideias é uma
necessidade em qualquer setor de atuação.
No mundo do trabalho, o poder de convencimento depende de inúmeros
fatores, como o seu nível hierárquico e a qualidade dos seus argumentos.
Mas há uma variável de peso que costuma ser esquecida pela
maioria das pessoas: a linguagem corporal.
A depender da posição dos seus braços, mãos, olhos e boca, por
exemplo, os demais podem ficar mais ou menos propensos a aceitar o que você
diz.
Não que as pessoas sejam manipuláveis por meia dúzia de gestos
ensaiados e vazios. “Você precisa acreditar nas suas palavras”, afirma Paulo
Sérgio de Camargo, autor do livro “Linguagem corporal” (Editora Summus, 2010).
“Se não for assim, você inconscientemente vai refletir essa
descrença no seu corpo, e não irá convencer ninguém de nada”.
Se convicção não lhe falta, vale conhecer alguns códigos
não-verbais que permeiam a comunicação — e se apropriar dos seus efeitos para
ter sucesso na carreira.
2. Cuide da articulação das palavras.
Imagine um vendedor de loja que começa a conversar com você
lentamente e, de repente, acelera o discurso. Além disso, ele fala baixo demais
e não pronuncia todas as palavras com clareza.
Você se interessaria pelo produto que ele está mostrando para
você? De acordo com Sharon Sayler, autora do livro “Seu corpo fala no trabalho”
(Editora Vozes, 2013), forma também é conteúdo.
Um profissional dificilmente convencerá alguém de suas ideias se
tiver uma má articulação ou uma cadência irregular na fala.
A especialista recomenda manter o som estável, deixando o queixo
cair levemente ao final de cada frase.
Também vale fazer pausas curtas onde entraria a vírgula, e pausas
mais longas onde viria o ponto final. Nos intervalos maiores, relaxe e respire
antes de retomar a palavra.
3. Sorria — sem exagerar.
De acordo com Paulo Sérgio de Camargo especialista em
comportamento Paulo Sergio de Camargo, autor do livro “Linguagem corporal”
(Editora Summus, 2010), não existe persuasão sem conquista.
Por isso, o primeiro passo para convencer qualquer pessoa das
suas ideias é se aproximar dela e garantir que você não representa uma ameaça.
O sorriso é um instrumento poderoso nesse processo. “Funciona
como um recado não-verbal de que você não tem nenhuma intenção agressiva na
conversa”, explica o especialista.
“Sem oferecer essa garantia, você dificilmente vai conseguir
ganhar a confiança do outro”. A recomendação, porém, proíbe exageros.
Se você mostrar os dentes por um tempo muito longo, ou sem
motivo, pode parecer pouco sincero.
A melhor opção é sorrir suavemente de tempos em tempos, sempre
adaptando suas expressões faciais às do outro.
4. Mostre a palma das mãos e faça o “gesto do abraço”.
Camargo diz que o apresentador Sílvio Santos é um mestre em dois
truques clássicos de linguagem corporal para aumentar o poder de persuasão.
O primeiro é mostrar a palma das mãos enquanto fala. “Esse gesto
envia o recado primitivo de que você está desarmado, que não tem pedras ou
armas na mão para agredir o outro”, explica o especialista.
A outra posição típica de Sílvio é colar os cotovelos no corpo,
na altura das costelas, como se abrisse os braços para “abraçar” o
telespectador.
A postura transmite sinceridade, credibilidade e segurança: é
como se você pudesse acreditar sem medo no que ele está dizendo.
5. Use a expressividade dos seus olhos.
Em situações de trabalho, a maior parte das pessoas emprega o
que Camargo chama de “olhar profissional”, isto é, mantém os olhos paralelos
aos do interlocutor, com a visão fixa na região da testa.
Essa forma de observar o outro transmite seriedade e
profissionalismo. Para ganhar credibilidade, porém, é interessante intercalar
esse estilo com o “olhar afetivo”, em que a sua visão se divide entre os olhos
e a boca dele.
Segundo o especialista, essa é uma forma mais amigável e menos
impessoal de manter contato visual com alguém. Outra técnica para desarmar o
outro é sutilmente arregalar os olhos e erguer as sobrancelhas enquanto ele
está falando.
“Isso vai transmitir imediatamente a mensagem de que você está
enxergando a pessoa e se interessa por ela”, explica.
6. Explore o poder dos “gestos de ensino”
Para ser convincente, é importante passar mensagens claras e
confiáveis — como se você fosse um professor.
Uma boa forma de atingir esse objetivo é incorporar os chamados
“gestos de ensino”, isto é, mímicas e movimentos corporais que facilitam a
visualização das ideias e prendem a atenção de quem está ouvindo.
Muito usado em sala de aula, esse recurso serve para emoldurar e
complementar o que é dito verbalmente.
Um dos gestos mais comuns, diz Sayler, é levantar a mão e contar
números com os dedos, algo que conhecemos desde a infância.
É possível usar uma série de outras mímicas, desde que respeitem
uma ordem lógica e representem visualmente uma ideia da forma mais simples
possível.
Não é interessante “inventar” muito: quanto mais o seu gesto
refletir um lugar-comum, mais facilmente será ele será absorvido pelo
interlocutor.
Além de facilitar a comunicação, esses recursos gestuais ajudam
a dar autoridade e credibilidade para o seu discurso.
7. Elimine pausas com “hum” e “ééé”
Segundo Sayler, pessoas que fazem pausas audíveis, como “hum” ou
“ééé”, têm menos credibilidade do que aquelas que conseguem falar de forma
contínua.
Assim, é fundamental eliminar ou reduzir a produção desses sons
com a ajuda da linguagem corporal.
Tente usar frases mais curtas e preencher os silêncios entre
elas com um sorriso ou um gesto.
Também é importante cuidar da respiração, isto é, mantê-la o
mais calma e natural possível. Isso garantirá um ritmo cadenciado e constante
de fala, um ingrediente fundamental para a credibilidade do seu discurso.
8. Pratique o espelhamento
Quando você imita algumas posturas corporais do seu
interlocutor, inconscientemente ele vai começar a pensar que há algo agradável
em você.
É um mecanismo primitivo que funciona na maioria das
negociações, diz Camargo. Não se trata de copiar exatamente os mesmos gestos da
outra pessoa: o ideal é se inspirar neles e espelhá-los vagamente no estilo.
O mais importante é acompanhar o ritmo dessas movimentações.
Segundo o especialista, também vale criar “ecos” na conversa em si.
“Se a pessoa disse que se chama Ana e trabalha numa determinada
universidade, por exemplo, repita ‘Ana, então você trabalha na universidade
X?’”, explica.
“Quando você usa as mesmas palavras que o outro, amplia a
sensação de espelhamento entre vocês”.
9. Evite fazer “não” com a cabeça enquanto escuta
Você está tentando convencer o seu colega de um projeto e ele
está dizendo que não gosta da ideia?
Enquanto ele expõe seus argumentos, procure não fazer um
movimento de negação com a cabeça — ainda que não concorde com uma vírgula do
que está sendo dito.
Às vezes, o gesto de negação é automático, mas é mais
estratégico apostar no oposto. Faça leves movimentos de “sim” com a cabeça,
para garantir ao outro que seus ouvidos estão abertos para ele.
Isso irá desarmá-lo imediatamente, e evitará que a conversa
ganhe contornos de disputa. “Se você já começa a contestar o outro enquanto ele
fala, ele vai se sentir desrespeitado e ameaçado”, diz Camargo.
“Dificilmente você vai conseguir convencê-lo do contrário quando
for a sua vez de falar”.
Por Claudia Gasparini.
Fotos:(Thinkstock/Photodisc).
Revista EXAME.
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